quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Orientações para Médiuns

Mensagem do Caboclo Junco Verde aos membros do TPM:

Deve ser avisado a todas as pessoas das giras que a Umbanda mantem um exército que obedece as ordens de Oxalá. Igual ao exército da Terra, os soldados da Umbanda tem como compromisso assumido no Amaci: defender os fracos; enaltecer os humildes; coibir a prepotência; tirar da escuridão os aflitos, os desesperados e os obsediados; curar os doentes; alegrar os tristes; acalmar os nervosos; aliviar a dor; encaminhar os desajustados; salvar os viciados e trazer honra para a religião brasileira que é a Umbanda. Quem não quiser fazer isso pode se juntar aos pedintes do amor. Quem se doa, ganha."
CABOCLO JUNCO VERDE

Médiuns

Os médiuns ou cavalos, como queiram, da Umbanda, têm que tomar certos cuidados para seu perfeito desenvolvimento. Devem cuidar de sua cultura, honrar os espíritos acima de tudo, doar-se inteiramente à casa em que trabalham, sem entretanto esquecer de equilibrar sua vida profissional, social e familiar e fugir do fanatismo tão nocivo ao bem estar dos religiosos. Deve respeitar as outras religiões, sem querer impor aos outros as suas convicções.
Não beber, controlar seu emocional e não cobrar nada da religião. Nunca aceitar favores ou pagamentos pelos trabalhos que fizer e jamais usar a energia do sangue em seus trabalhos e, principalmente, nunca sacrificar nenhum animal. Por isso mesmo, antes de se filiar à uma casa, deve saber dos princípios filosóficos dos seus dirigentes. Deve fazer da Umbanda uma religião alegre, gostosa e vibrante. Para isso não deve se imiscuir nos problemas dos irmãos de corrente, sem jamais julgá-los. Deve respeitar a hierarquia da casa, muito embora lhe caiba o direito de também ser respeitado.
Muito médium tem dúvidas sobre as incorporações, confundindo-se nas mensagens, achando que não é o espírito falando, mas sim sua própria cabeça. Espero com esta nota dirimir dúvidas aos médiuns e trazer-lhes a certeza que quando for animismo os dirigentes da casa sabem como corrigi-lo.

AnchorTerceira Energia

Muito médium tem dúvidas sobre as incorporações, confundindo-se nas mensagens, achando que não é o espírito falando, mas sim sua própria cabeça. Espero com esta nota dirimir dúvidas aos médiuns e trazer-lhes a certeza que quando for animismo os dirigentes da casa sabem como corrigi-lo. Vejam como funciona: existe uma fusão do espírito do médium com o espírito comunicante, criando-se uma terceira energia. Gosto de dar exemplos. O café e o leite, separados, são puros. Misturados criam uma terceira bebida, podendo ser mais preto ou mais branco, conforme a quantidade das bebidas. Mas sempre a união de ambos terá uma terceira qualidade.
É impossível a comunicação pura do espírito. O importante é a presença do espírito, com maior ou menor intensidade.
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Facilitar as Incorporações

Quando o médium está preparado para seguir o procedimento normal do aprendizado, ele não deve segurar as incorporações, e jamais esquecer o momento certo da incorporação. Se está se chamando um espírito pelo ponto individual ele não deve dar passagem, exceto se for ponto de linha, o momento for oportuno e permitido pelo desenrolar da gira. O médium deve facilitar a incorporação. Na Umbanda as entidades têm incorporações típicas da linha. O índio é ereto, forte e incorpora com um vibração firme, algumas vezes se ajoelhando e batendo no peito. O preto-velho já é mais macio na incorporação, se curva e faz o tipo de cansado e a criança o tipo infantil. Quando o ponto estiver induzindo o tipo da entidade, o médium já deve estar psicologicamente preparado para receber e se comportar conforme o tipo da entidade. É um erro lutar contra o espírito, ou seja, receber um índio como se fosse um preto-velho. De propósito até agora não falei do exu e da pomba-gira, para dar um destaque de grande importância: Exu não é aleijado e Pomba-gira não é prostituta. Ambos são entidades maravilhosas e não precisam fazer o tipo distorcido do folclore da Umbanda. Na continuidade, quando estivermos falando de cada linha, darei melhores explicações.
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Cuidados e deveres 

O médium tem um complexo espiritual chamado aura, que é formado pelo material (o corpo físico), o duplo etéreo (ou cascão), o perispírito e o espírito. A aura é formada por elementos energéticos que se chama chacras. É por eles que o espírito incorpora, até unir o seu espírito com a aura do cavalo. Por esse motivo é importante haver uma preparação do médium nos dias de gira para que sua aura esteja leve e limpa, através de um banho de erva, bons pensamentos, com o mental sem mágoa ou raiva. Sua atenção no dia dos trabalhos deve estar sempre voltada para reunião com os irmãos da corrente, procurar a alegria, boa leitura, não dizer palavrões, não comer carne e fazer refeições leves. Alguns autores e dirigentes dizem que a mulher com menstruação não deve participar da gira e muito menos incorporar.
Como eu não vejo nenhuma lógica e nunca ninguém me explicou de forma convincente essa proibição, refuto o fato não criando nenhuma objeção para as médiuns em nosso terreiro. Sobre isso uma vez disseram-me que pode haver a aproximação de espíritos atrasados atrás da energia do sangue. Não me convenceu a explicação, porque acho que se algum espírito quiser sangue, ele irá aos matadouros e nunca a um terreiro organizado e protegido. Quando o médium for receber a entidade, ele deve ficar com sua mente o mais livre possível de pensamentos. Para quem não tem a prática da concentração, um bom método para facilitar a incorporação é ficar pensando no tipo da entidade que vai incorporar e respirar rapidamente e soltar pela boca o ar aspirado.
  • A Umbanda, como quase todas as religiões, é machista; e essa é a razão do preconceito com as mulheres em período da menstruação. Existe pai-de-santo que proíbe a mulher tocar nos atabaques. Não vejo lógica, ao contrário, um insulto à capacidade feminina.
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Obrigações

Não tenho nenhuma ligação com a Igreja Católica, muito menos com as regras dessa religião, mas sou totalmente contra os padres que se rebelam com as dificuldades de viver no celibato. Quando foram coroinhas, seminaristas e se ordenaram padres, sabiam que não se podiam casar. Por que depois que entram ficam contra?
As regras são bem claras. Por isso é bom que os candidatos ao ingresso no terreiro conheçam antecipadamente as suas obrigações e o que devem ou não fazer. Existe um compromisso com o terreiro a que forem pertencer, seja ele qual for: vontade de evoluir espiritualmente, disciplina na corrente, submissão aos mandos da hierarquia, se não puderem amar seus irmãos ao menos os tolerem, não criticar os outros, cuidar para que suas palavras sempre sejam de incentivo e amor, cuidar e zelar por seu material dos trabalhos e de sua roupa branca, honrar a respeitar o nome dos espíritos, respeitar as outras religiões, sempre que tiverem dúvidas perguntar aos dirigentes, não hesitar quando forem convocados para auxiliar o outro como cambono, não fomentar brigas e discórdias, não faltar aos trabalhos (inclusive os que forem marcados em outros dias), cumprir os horários dos trabalhos, não freqüentar outros trabalhos sem autorização do dirigente, cantar os pontos e auxiliar a manutenção da gira e outras condições que o bom senso determina e que por qualquer motivo eu não tenha mencionado. Sou contra regras e prego a liberdade, mas jamais o médium deve esquecer que a sua liberdade cessa quando começa a do outro.
  • Servir como cambono por um período no terreiro é uma obrigação dos médiuns novos. Servir e assistir os trabalhos das entidades vai dar um conhecimento significativo sobre a forma como os Orixás trabalham. Para conhecimento de todos, o que mais aborrece um dirigente é a má vontade do médium quando ele é convocado para ajudar como cambono. Quando comecei na Umbanda eu pedi, por minha espontânea vontade, ao meu pai-de-santo a oportunidade de eu servir alguém como cambono. Não me arrependi porque aprendi muito.
  • O médium não deve ficar olhando os outros, julgar ou criticar seu irmão de corrente. Deve cuidar somente de si e deixar para a hierarquia corrigir o erro dos outros.
  • Levar seu material de trabalho e manter sua roupa branca sempre limpa e em ordem e, se não quiser ficar descalço, usar uma alpargata com sola de cordas e nunca tênis.
  • Chegar e cumprir à risca os horários dos trabalhos e quando não puder participar dos mesmos, avisar com antecedência a sua ausência.
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Magia da Corrente

Li e usei:
Ninguém é tão forte como todos nós juntos"
A corrente é a grande força do terreiro. Uma vez alguém perguntou ao Pai Maneco a importância de um terreiro bonito e confortável.
Meu filho, se esta casa cair, vocês vão se reunir lá fora, olhando para o céu estrelado, e vão continuar trabalhando. Mas se a corrente se dissolver, o terreiro, mesmo belo e sólido, vai fechar. Na verdade acho a corrente mais merecedora de cuidados que estas paredes frias. Nunca trabalhei sozinho, só com a corrente. Quem trabalha sozinho, um dia ou outro, vai se complicar".
É inevitável o desastre. A corrente, como diz a mensagem, é a força do terreiro. Tudo gira em torno dela. São meus pequenos deuses. Que Oxalá abençoe a todos eles.
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PARA QUEM PRETENDE ENTRAR NO TERREIRO:
  • Novos médiuns só serão admitidos após a freqüência de no mínimo sete giras no dia em que deseje entrar na corrente. Está participação deverá ser comprovada mediante a assinatura na secretaria da ficha de participação. Por exemplo: se um médium quer entrar na gira de sexta-feira ele deverá freqüentar sete giras de sexta-feira;
  • É obrigatório o uso de roupa branca. As roupas devem ser recatadas. Não se admite o uso de roupas justas, curtas, decotadas ou transparentes, cabendo a cada dirigente observar e instruir os seus médiuns quanto aos abusos;
  • O médium só poder trabalhar na gira em que se cadastrar. Isto significa que um médium não poder trabalhar em duas ou mais giras. Pode freqüentar a assistência, porém não pode trabalhar de branco na corrente de outro Pai-de-Santo.
  • É obrigatório o uso do crachá de identificação durante a gira. É obrigatório passar o crachá pelo leitor de forma a marcar a sua presença na gira. Todo final de ano é feita a revisão do amacis e os médiuns com elevado número de faltas terão o amaci levantado presumindo-se que ele não está mais freqüentando o terreiro;
  • Após entrar na gira o médium só poderá fazer o amaci depois de freqüentar o Curso de Umbanda do Terreiro Pai Maneco;
  • Nenhum médium pode usar as guias dos orixás antes de fazer o amaci. As guias são entregues no dia do amaci;
  • Só é admitido trocar de gira após a freqüência mínima de um ano na gira em que o médium foi admitido e ainda assim com justificativa plausível para a troca;
PARA QUEM JÁ É MÉDIUM DO TEREIRO PAI MANECO:
  • Quando uma entidade der o seu nome ou pedir guias, roupas, capas, etc, o pedido deverá ser encaminhado pelo cambono diretamente ao dirigente da gira e somente por ele poderá ser autorizado o seu uso;
  • Os cambonos deverão preencher a ficha de acompanhamento das consultas desenhando o ponto riscado pela entidade e descrevendo as consultas, No final da gira as fichas devem ser entregues ao dirigente da gira;
  • Os Ogans só podem tocar atabaque usando as roupas brancas do terreiro e as guias de proteção;
  • No caso de um médium ser expulso da gira em que freqüenta considera-se o médium expulso do Terreiro Pai Maneco, não podendo, é claro freqüentar nenhuma outra gira nas dependências do terreiro. Entretanto, a todos será concedido o direito de defesa. Os médiuns com comportamento incompatível com os princípios do Terreiro ou que afetem o terreiro como um todo serão encaminhados ao Conselho de Ética ao qual cabe propor as sanções cabíveis ou até mesmo propor a expulsão do médium.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

História da Umbanda - Caboclo das Sete Encruzilhadas




Escrever sobre Umbanda sem citarmos Zélio Fernandino de Moraes é praticamente impossível. Ele, assim como Allan Kardec, foram os intermediários escolhidos pelos espíritos para divulgar a religião aos homens. Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro. Aos dezessete anos, quando estava se preparando para servir as Forças Armadas através da Marinha, aconteceu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade.
A princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou ao seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, Diretor do Hospício de Vargem. Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído pelo demônio. Procuraram, então, também um padre da família que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado.
Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado". No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio.
Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade. O Pai de Zélio de Moraes, Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita , já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita . No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado a Federação Espírita de Niterói. Chegando na Federação e  convidados por José de Souza, dirigente daquela Instituição, sentaram-se à mesa. Logo em seguida, contrariando as normas do culto realizado, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor. Foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde realizava-se o trabalho.
Tendo-se iniciado uma estranha confusão no local, ele incorporou um espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos. Advertidos pelo dirigente do trabalho, a entidade incorporada no rapaz perguntou:
" Por que repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:
" Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?"
Ele responde:
Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."
O vidente ainda pergunta:
" Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?"
Novamente ele responde;
Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei."
Depois de algum tempo todos ficaram sabendo que o jesuíta que o médium verificou pelos resquícios de sua veste no espírito, em sua última encarnação foi o Padre Gabriel Malagrida.
No dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30 · Neves · São Gonçalo · RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita , parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente às 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto:
Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo".
Após estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das 20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos de branco e o atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava nascendo uma nova religião e que chamaria Umbanda. O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras:
Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem as horas de aflição; todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai".
Ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão. Caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que havia neste local, praticando suas curas. Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras: "- Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá". Após insistência dos presentes fala:
Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo".
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
Minha caximba, nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá".
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de"Guia de Pai Antonio".
No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes. Cegos, paralíticos e médiuns que eram dado como loucos foram curados. A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda. Após algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de Orixá Malé, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando em demanda era agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.
Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, recebendo ordens do astral, fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes:
  • Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia
  • Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição
  • Tenda Espírita Santa Bárbara
  • Tenda Espírita São Pedro
  • Tenda Espírita Oxalá
  • Tenda Espírita São Jorge
  • Tenda Espírita São Jerônimo
As sete linhas que foram ditadas para a formação da Umbanda são: Oxalá, Iemanjá, Ogum, Iansã, Xangô, Oxossi e Exu. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das acima mencionadas. Zélio nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitar a ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. O ritual sempre foi simples.
Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje. As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam. A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda fazem a ligação com a vibração dos seus guias.




Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia, as quais até hoje os dirigem.
Mais tarde, junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e aparelho do Caboclo Roxo, fundaram a Cabana de Pai Antonio no distrito de Boca do Mato, Cachoeira do Macacú·RJ. Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu. Faleceu aos 84 anos, no dia 03 de outubro de 1975.
Dia 16 de setembro de 2010, faleceu Dona Zilméia de Moraes, a única dos quatro filhos de Zélio de Moraes, fundador da Umbanda, que ainda estava encarnada. Fica mais órfã a Umbanda a partir de agora. Deixamos aqui nossa homenagem a essa querida e doce mãe de santo. Saravá!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

2. AS UMBANDAS DENTRO DA UMBANDA - O PLURALISMO


F1
Ramificações – Subgrupos

Vamos elucidar sobre essa questão delicada e necessária, pois o leigo fica confuso com tantos tipos de rituais, liturgias e doutrinas, todas usando a denominação “Umbanda”. Para quem não conhece a fundo, isso torna-se estranho e acabam por dizerem: Seu Terreiro é de Umbanda Branca? De Umbandomblé? De Umbanda de Mesa? Etc. Então, para dirimir essas dúvidas, vamos sucintamente esclarecer o pluralismo umbandista, ou seja, os vários “segmentos” de Umbandas conhecidas por nós, existentes em solo brasileiro, para que cada um possa agora entender e respeitar as práticas das mais variadas umbandas existentes.
Desde a sua iniciação, a Umbanda tem sofrido modificações em seu modo de ser e operar, onde muitos se distanciaram grandemente da Umbanda original (do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas). Dessas modificações, cada um deu uma roupagem e deviam dar uma nomenclatura própria para se situarem perante a comunidade. Cremos que tudo isso não se deu pelo simples fato de cada um querer impor a sua verdade, mas simplesmente estavam realizando aquilo que aprenderam, e o que suas mentes achavam estar correto.
Cada um, com certeza deu tudo de si, para o que estava fazendo frutificasse, e no fim, todos estavam envidando esforços para praticarem o que entendiam como Religião de Umbanda. Hoje temos várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes com as bases iniciais, e algumas que absorveram características de outros cultos, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.
Antes do advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, o que existia era conhecido como “Macumba”; onde podemos encontrar uma forte influência de práticas do Catimbó, bem como da magia africana praticada por alguns, pois o Candomblé estruturado surgiu no Rio de Janeiro muito tempo depois da Umbanda (segundo informações do antropólogo Reginaldo Prandi). Ainda não se conhecia o termo “Umbanda”. João do Rio, em sua obra “Religiões do Rio” de 1904, onde pesquisou toda a religiosidade existente na antiga Capital Federal, não citou em nenhum momento o nome Umbanda; portanto, poderiam existir manifestações de Índios, Pretos-Velhos, etc., aqui e acolá, remanescentes do Catimbó, ou mesmo os primeiros bruxuleios da nova modalidade religiosa, mas ainda não se tinha iniciado a religiosidade de Umbanda, coisa que viria mais tarde, em 1908, pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Morais.
Vamos disponibilizar um texto muito interessante e inteligentemente escrito pelo senhor Cláudio Zeus, em seu livro: “UMBANDA SEM MEDO”:


UMBANDA – UMA SEITA AFRO?
 Por que é importante sabermos que o termo Umbanda, como culto ou religião, pertence ao Caboclo das Sete Encruzilhadas.

A importância da divulgação desse tema se prende a fatores que, embora possam parecer fúteis, a uma primeira vista, (e apenas a uma primeira vista) na verdade coloca freios em muita gente que insiste que faz Umbanda e que, além de não conhecer suas origens, nada faz de Umbanda – é isso que incomoda e faz com que muitos tentem minimizar ou até mesmo desqualificar a importância que Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas têm para o que ele chamou Umbanda. Vou tentar explicar os meandros e as segundas intenções desse tema de debate que muito se vê pelas comunidades do Orkut, MSN e outros.
  • 1º Ponto: Nunca, ninguém havia chamado de Umbanda a nenhum tipo de culto anteriormente. O que tentam fazer hoje é aproximar o termo embanda (afro) que quer dizer curandeiro para uns (e chefe de culto para outros) e não algum tipo de culto como esse que o Caboclo chamou Umbanda – o culto;
  • 2º Ponto: O Caboclo deixou algumas informações precisas sobre o que seria Umbanda, e isso é o que incomoda mais porque, se observarmos essas diretrizes, aí sim, veremos que alguns grupamentos não poderiam se chamar de Umbanda, o que leva alguns outros a “desconhecerem”, muito propositalmente, o texto que será apresentado abaixo e chegarem a dizer que o que o Caboclo fez foi apenas uma “socialização” do que já havia antes, o que, para qualquer um que saiba ler (e nem precisa interpretar) vai perceber que não poderia ser.
Vamos ver o que o Caboclo nos deixou de informações sobre o culto que ele mesmo diria – “iniciar-se naquele dia”. Preste atenção porque aqui se define o que é a Umbanda do Caboclo das Sete Encruzilhadas (palavras do Caboclo): Aqui inicia-se um novo culto em que os Espíritos de Pretos-Velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como Mestre Supremo Cristo”.
Percebemos então, nestes 03 trechos que:
  1. 1) Esse era um novo culto – O Caboclo afirmou ser um novo culto e não uma corruptela de algo já existente;
  1. 2) Que esse novo culto se distanciava das seitas negras deturpadas e dirigidas para a feitiçaria, porque os próprios Pretos-Velhos africanos e os índios nativos de nossa terra (os chamados Caboclos) não encontravam campo de ação (possibilidade de trabalharem) nesses grupamentos – Isso era o que existia antes e era disso que Umbanda, então criada, deveria se distanciar.
  1. 3) Esse seria um culto embasado no Evangelho de Jesus, reconhecendo-o, inclusive, como “MESTRE SUPREMO”.
Por que eu lhe afirmo que divulgar isso, inclusive até mesmo a existência de Zélio e do Caboclo, não se torna interessante para uma grande parte?
Porque, após a criação e não socialização ou codificação do que já existia, muitos dos inúmeros grupamentos já existentes, (como acontece até hoje), passaram a se autodenominar Umbanda, mesmo passando por cima desses preceitos deixados pelo Caboclo, criando-se então, a confusão que encontramos hoje, inclusive com alguns afirmando que a Umbanda tem que se afastar dos ensinamentos cristãos e abraçar mais os fundamentos afro.... Mas como isso poderia ser, se a Umbanda foi criada em cima de bases cristãs?

O que se percebe então? Percebe-se que há um movimento deturpatório do que foi deixado pelo CDSE (Caboclo das Sete Encruzilhadas), em função das “vontades” daqueles que resolveram ir fazer cabeça no Candomblé e depois vieram “bater Umbanda”, como gostam de dizer. Ora... bater Umbanda, como se Umbanda fosse Candomblé? Em Candomblé sim, “se bate para os Orixás” porque os Xirês são nada mais do que festividades, toques, como também chamam em louvor aos Orixás e nunca foram Giras de Caridade.
Todos os atendimentos em Candomblés de raiz só são feitos pelo Babalorixá ou Yalorixá e através dos jogos de búzios, opelês (em menor quantidade) e obís. Não há consultas dentro dos Xirês e, nos que hoje há, é porque já se modificaram e se distanciaram de suas raízes, até porque, quem bate papo e dá consultas são os eguns ou catiços, como são chamados alguns tipos de Caboclos e entidades intermediárias.
E vejam que até hoje, os Pretos-Velhos, que seriam remanescentes dessa mesma crença, por “terem sido escravos, negros e africanos” ainda não são aceitos na maioria dos Candomblés. Alguns aceitaram alguns Caboclos porque muitos ainda crêem que eles também são encantados.
Minimizar, ou não divulgar o que era a verdadeira Umbanda, a de raiz, a do Caboclo das Sete Encruzilhadas é, e sempre será importante para os que têm medo da verdade e pretendem abrir Terreiros com fundamentos estranhos, de matanças, feitiçarias, amarrações, etc., e se anunciarem como Umbanda.
No meu entender, o mais honesto seria que cada grupamento que hoje se diz apenas de Umbanda, se intitulasse, como outros que já o fazem, por exemplo: Umbanda Omolokô, Umbanda Cabula, Esotérica, de Angola e outras mais, já que fogem às Regras básicas que o Caboclo deixou para o seu novo culto (ou seja: não são de bases cristãs), para não deixarem aqueles que nada entendem disso sem saberem, afinal, a que tipo de Umbanda estão adentrando.
O que essas pessoas têm que colocar na cabeça é que o nome Umbanda, como culto, pertence ao CDSE (ainda que ele não a tenha registrado) e mesmo eu ou você, que praticamos a Umbanda Traçada (que é diferente do Umbandomblé embora muitos confundam), temos que reconhecer que não seguimos a linha doutrinária determinada pelo CDSE – Umbanda com base totalmente cristã – o que não nos tira qualquer valor ou mérito, já que os objetivos finais – Caridade e Amor Fraterno – também são buscados, apenas por caminhos diferentes.
O que essas pessoas têm que pôr na cabeça é que devem assumir o tipo ou subgrupo de Umbanda que seguem e, jamais quererem mudar o principal da Umbanda que é a fé, a caridade, o amor ao próximo e, principalmente, também devem assumir que, se estão ligados a Espíritos e encarnados que só sabem fazer feitiçarias, mandingas, amarrações, intrigas, então, nem o nome Umbanda deveria ser usado em seus cultos, já que, desde a criação, isso foi contrariado pelo Caboclo.
Escrevi acima que Umbanda Traçada é diferente de Umbandomblé e, para muitos, isso pode parecer estranho, mas não é. Acontece que existem, generalizando, três tipos de Umbanda e as explico abaixo:
  • Umbanda: A que foi criada pelo CDSE, com bases claramente cristãs – até os Terreiros que foram criados pelo Caboclo tinham nomes de Santos católicos. Os praticantes dessa Umbanda não admitiam (e acho que ainda não admitem) bebidas ou atabaques em seus rituais. Quando muito, o fumo das entidades;

Nota do autor: Essa Umbanda também conhecida como: LINHA BRANCA DE UMBANDA OU UMBANDA TRADICIONAL – UMBANDA DE RAIZ. Oriunda do Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes que lançou as bases da Religião de Umbanda, com doutrina baseada na caridade cristã sem fins pecuniários e na doutrina dos Evangelhos. Tem muita proximidade com o kardecismo e como catolicismo. Não tinha sujeição a Orixás, atabaques, feituras de santo, adereços e nenhuma influência dos culto-afros.
Todas as outras ramificações guardam vínculos com a Linha Branca de Umbanda do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Leal de Souza dirigia a Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, uma das filiais que formam o septo de casas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, relatou ao Jornal de Umbanda, na edição de Outubro de 1952, que coubera ao Caboclo das Sete Encruzilhadas a incumbência de organizar a “Linha Branca de Umbanda”, seguindo as determinações dos “Guias Superiores” que regem o planeta.
Leal de Souza, em seu livro “O ESPIRITISMO, A MAGIA E AS SETE LINHAS DE UMBANDA – 1933” escreveu:
“A Linha Branca de Umbanda e Demanda tem o seu fundamento no exemplo de Jesus...”

“O objetivo da Linha Branca de Umbanda e Demanda é a prática da caridade, libertando de obsessões, curando as moléstias de origem ou ligação espiritual, desmanchando os trabalhos de magia negra, e preparando um ambiente favorável a operosidade de seus adeptos...”

“Para dar desempenho a sua missão na Terra, o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou quatro Tendas em Niterói e nesta cidade, e outras fora das duas capitais, e todas da Linha Branca de Umbanda e Demanda...”

“A Linha Branca de Umbanda e Demanda está perfeitamente enquadrada na doutrina de Allan Kardec e nos livros do grande codificador, nada se encontra susceptível de condená-la...”

“E o amor de Deus e a prática do bem são a divisa da Linha Branca de Umbanda e Demanda”. 

Este termo foi realçado no 1º Congresso Nacional de Umbanda sob o título: “INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA LINHA BRANCA DE UMBANDA” – Memória apresentada pela Cabana de Pai Thomé do Senhor do Bonfim, na sessão de 26 de Outubro de 1941, pelo seu Delegado Sr. Josué Mendes.
Visava o estudo aprofundado da temática mediúnica, bem como diferenciar as práticas umbandistas tradicionais das práticas emergentes onde a mistura de culto-afros com a Umbanda já se fazia presente. Com isso, a partir daí, toda prática umbandista distanciada de ritualísticas afros, de magias negras, de despachos para o mal, etc., e aproximada das práticas cristãs, vestuário branco, orações, desobsessões, etc., era rotulada pelo povo de “Umbanda Branca”.
Com tudo isso, a partir daí, diferenciando as práticas de baixo espiritismo, fetichismo, totemismo, feitiçarias, macumbarias e qualquer sorte de malefícios, o povo passou a classificar as práticas de Umbanda voltadas a caridade, evangelização, desobsessão, bênçãos, desmanches de magias negras, etc., como práticas da “Umbanda Branca”. Esse termo ficou plantado na mente do povo como designativo de Umbanda voltada ao amor e a Espiritualidade Superior. Até hoje, 2009, quando muitos assistidos entram num Templo Umbandista, imediatamente perguntam: Aqui é Umbanda Branca?  Hoje, observamos muito irmãos umbandistas se apegarem ao fato de quem se intitular praticante da “Umbanda Branca” está sendo preconceituoso, pois, jocosamente, dizem não existir também Umbanda vermelha, Umbanda verde, etc. Esqueceram-se o fato importante, de muitos indivíduos abrirem suas casas com o nome de Umbanda, mas praticam cultos estranhos, distanciados no Evangelho Redentor. Por isso, para diferenciar a Umbanda original das práticas estranhas, com doutrinas, magias, crenças e rituais que nada aproximavam no preconizado por Nosso Senhor Jesus Cristo, defendido pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas e seus seguidores, se intitulavam de: “Linha Branca de Umbanda”. Não adianta querermos tapar o Sol com a peneira; somos sabedores da existência de muito Terreiros que se denominam de Umbanda, mas estão largamente distanciados da linha mestra umbandista.
Portanto o termo “Umbanda Branca” foi e é usado pelo povo, para saberem se o local que estão entrando, prática Magia Branca. É só isso.
  • Umbanda Traçada: A que admitiu (a princípio ou posteriormente) a presença (como trabalhadores) dos Exus e Pomba Giras, personagens da Quimbanda que eram até temidos no início e hoje já viraram Guardiões, e outras entidades intermediárias, trabalhadores de excelente performance, sempre visando a caridade, porque, se assim não for, não podem se considerar Umbanda. É chamada de Traçada ou Cruzada porque nela existe o cruzamento (ou entrelaçamento) de dois tipos de trabalhadores: os de Umbanda (Caboclos – índios nativos – e Pretos Velhos) e os de Quimbanda (Exus, Pomba Giras, Bugres, malandros, etc.);

Nota do autor: Essa Umbanda nós conhecemos como: Umbanda Traçada, Mista ou Cruzada – Tem influência do Catimbó, do sincretismo e suas práticas. Faz uso indiscriminado de oferendas, despachos e algumas casas, de bebidas alcoólicas. Sem cunho e estudo doutrinário próprio. Tem o uso de atabaques e/ou tambores. Largo uso de roupagens coloridas, adereços, danças e festas (internas e externas). Tem muita proximidade com os trabalhos da Umbanda Popular.

  • Umbandomblé: Todas as Umbandas que praticam em seus cultos, os ritos absorvidos dos Candomblés, sejam de que nações forem. Nessas Umbandas há “toques” para Orixás, costumam usar brajás ao invés de guias, recolhem “filhos de santo”, usam quelês, sacrificam e colocam “oxu” nos oris de seus adeptos... e por aí vai. O que as assemelha à Umbanda original e as afasta do Candomblé de raiz é o trabalho com entidades tipo Pretos-Velhos e Caboclos e mesmo Exus infiltrados (porque esses não são os Orixás-Exu das nações) que vêm,... aí sim, trabalhar para a caridade.
Nota do autor: Essa Umbanda nós conhecemos como Umbanda Omolokô (também conhecida como Umbanda Primitiva, de Almas e Angola): Iniciada pelo Tatá Trancredo da Silva em 1950, onde encontramos um misto entre os cultos, liturgias, rituais africanos (bantu) e o trabalho direcionado por Guias Espirituais. Faz uso de camarinhas, sacrifícios de animais, ebós, raspagens, catulagem, etc. Usando a Umbanda como fonte matricial, para esta via alternativa, Tancredo organizou o que vulgarmente é denominado de Umbandomblé. Influenciou grandemente as práticas da conhecida Umbanda Popular.      U2
As Umbandas Traçadas ou Cruzadas não absorveram, necessariamente, ritos e práticas afro, e essa é a grande diferença delas para a Umbandomblé. Algumas até absorveram mais algumas entidades de Catimbó e outros grupamentos de raízes nordestinas e outras ainda, preferiram “cruzar” seus ensinamentos com os dos “Mestres Orientais”. Eu colocaria ainda, como subgrupo das Umbandas Traçadas ou Cruzadas, as Umbandas Esotéricas e mesmo as Iniciáticas, já que nelas, além dos trabalhos com as entidades já citadas, existe a adaptação de ensinamentos e até mesmo de entidades tidas como “orientais” e sábios de outras nações que não as africanas. E diria mais ainda: Em termos de abertura para novas aprendizagens, a Umbanda Traçada é a que mais se encontra nessa posição, já que as outras duas tendem a se prender muito em suas raízes (ou cristã, ou afro) e desmerecerem alguns dos conhecimentos mais modernos que nos chegam através de outras correntes de Espíritos e mesmo da ciência.
Que isso não seja tomado como desmerecimento para qualquer tipo de Umbanda, pois, guardadas as devidas proporções e se o culto visa à caridade, o amor fraterno e a fé, então todas têm em si a semente de Umbanda, ainda que não seja exatamente a que o CDSE criou. Agora, se alguém cria um agrupamento para misturarem cultos “ao deus dará”, explorar a caridade, impingir medos aos seus seguidores, sair matando cães e gatos pra saciar suas sedes de sangue e de impressionismo... aí, pelo amor de Deus, ....... isso não pode ser chamado de Umbanda!!! Custa muito às diversas Umbandas se identificarem por suas raízes ou suas doutrinas para que nem tudo seja apenas Umbanda? Vão ficar menos Umbanda por causa disto? Vamos a um raciocínio?
Imaginemos que você que agora me lê, através de uma entidade ou não, venha a criar amanhã, um novo culto espiritualista, digamos... ALABANDA, e nos diz que este será um novo culto que só fará trabalhos através dos Ciganos e Boiadeiros, por exemplo, e também será voltado exclusivamente para as práticas Ciganas e a Magia dos Boiadeiros. Depois de alguns anos você vê que alguns outros grupos passaram a se autodenominar ALABANDA, trabalham com mineiros, com Orixás de Nação e suas “obrigações”, com Exus, Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, malandros, tentam decifrar o que seria ALABANDA, mas não ousam perguntar a você, que foi o (a) criador (a), o que seria, e ainda por cima, depois disso tudo ainda começam a discutir porque acham que Alabanda deveria “voltar às raízes afro” já que os “Orixás” são afro.
O que você diria, honestamente? Foi isso o que aconteceu com a Umbanda criada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Não seria melhor que cada Alabanda dessas que se formou após, se identificasse convenientemente? Eis aí o porquê de, desde muitos anos atrás (isso não é de hoje), já se falar de codificação de Umbanda e até hoje, ninguém saber exatamente qual das Umbandas se vai codificar – todas, não dá mesmo!

De minha parte posso lhes dizer que a Umbanda que eu pratico é totalmente Cruzada e praticamente nada nela existe de Ritual de Nação Afro, embora tenha que conhecer alguns fundamentos para casos em que certos problemas mediúnicos tenham origem em entidades específicas. Talvez a melhor descrição para ela seria de Umbanda Aberta. Sempre aberta para melhores conhecimentos e aprimoramentos ritualísticos que realmente possam ter fundamento, venham de onde vierem.

(Trecho extraído de: http://umbandasemmedo.blogspot.com)



Vamos apontar outras ramificações e/ou sub-grupos da Umbanda do nosso conhecimento


Umbanda Esotérica: “É a vertente fundamentada pelo médium Woodrow Wilson da Matta e Silva, também conhecido com mestre Yapacani (28/06/1917 – 17/04/1988), surgida no Rio de Janeiro/RJ, em 1956, com a publicação do livro “Umbanda de Todos Nós”. Sua doutrina é fortemente influenciada pela Teosofia, pela Astrologia, pela Cabala e por outras escolas ocultistas mundiais e baseada no instrumento esotérico conhecido como Arqueômetro, criado por Saint Yves D’Alveydre e com o qual se acredita ser possível conhecer uma linguagem oculta universal que relaciona os símbolos astrológicos, as combinações numerológicas, as relações da cabala e o uso das cores”.(http://registrosdeumbanda.wordpress.com)
 Apregoa que a Umbanda é milenar, e possui um código doutrinário próprio, com rituais, liturgias e sacramentos diferenciados.
    
F2

Umbanda Iniciática: É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada por Francisco Rivas Neto em São Paulo/SP (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha), filho espiritual de W. W. da Matta e Silva, e seu continuador, onde há à busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Aumbhandan, o Ponto de Convergência e Síntese. Também possui um código doutrinário próprio, com rituais, liturgias e sacramentos diferenciados.
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U3C

Umbandaime: Em 1989, quando se iniciaram as Giras de Umbanda no Céu do Mapiá/Amazonas (Igreja Daimista), seu iniciador, o Padrinho Sebastião Mota de Mello, seguidor e discípulo do Mestre Raimundo Irineu Serra, intitulou-a de Umbandaime. Tem muita proximidade com os trabalhos da Umbanda Popular, mais a ingestão do Ayahuaska (Santo Daime). Apesar do avanço dessa linha dentro da linha daimista do CEFLURIS (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra), tal estudo não é incorporado ao calendário oficial de trabalhos da instituição.
F3



Umbantimbó: Esse termo foi introduzido por nós, para classificar as muitas práticas de umbandas pelo nordeste, onde, antigamente praticava-se Catimbó, e com o tempo, transformaram-se em Umbanda. Mas a mistura prevalece inclusive alguns adotando ritualísticas do Candomblé, com sacrifício de animais. Atualmente, em São Paulo, devido a surgirem “cursos” de Catimbó, muitos Terreiros estão aderindo à suas práticas, introduzindo-a no seu calendário ritualístico e litúrgico, inclusive, abrindo dias específicos para práticas do Catimbó e manifestações de seus Mestres.

Umbanda Mirim: Assim nominamos o subgrupo que teve e tem uma grande influência em muitos Terreiros. Iniciado pelo Caboclo Mirim através de seu médium – Benjamim Figueiredo no Rio de Janeiro/RJ. Tem doutrina e característica própria. Não utilizam imagens de Santos e nem sincretismo; não fazem uso das guias (colares) no pescoço e nem trabalhos com Exus e Pombas-Gira. Faz uso de tambores em Giras festivas (1 vez por mês), roupagens somente brancas; não utiliza bebidas alcoólicas e abomina a matança de animais. Desvinculou-se totalmente da doutrina, ritualística e liturgias católica e dos cultos afros.
g3

Umbanda Eclética Maior: É a vertente fundamentada por Oceano de Sá (23/02/1911 – 21/04/1985), mais conhecido como mestre Yokaanam, surgida no Rio de Janeiro/RJ, em 27/03/1946, com a fundação da Fraternidade Eclética Espiritualista Universal. Diz que: “A verdadeira Umbanda fundada nos planos espirituais por Mestre Lanuh e, no plano físico por Mestre Yokaanam como obra complementar da codificação do Mestre Allan Kardec. Umbanda Eclética!... Umbanda Superior... Umbanda Maior... Umbanda Simbólica!... Direita Total!”
 Têm fundamentos, doutrinas e rituais próprios e independentes.

g5

Umbanda Guaracyana: É a vertente fundamentada pelo médium Sebastião Gomes de Souza (1950 – ), mais conhecido como Carlos Buby, surgida em São Paulo/SP, em 02/08/1973, com a fundação da Templo Guaracy do Brasil, e em várias países. Têm fundamentos, doutrinas e rituais muito próximos a Umbanda Popular.


U3D


 
Umbanda dos Sete Raios: É a vertente fundamentada por Ney Nery do Reis (Itabuna, (26/09/1929 – ), mais conhecido como Omolubá, e por Israel Cysneiros, surgida no Rio de Janeiro/RJ, em novembro de 1978, com a publicação do livro “Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa”. Têm rituais e liturgias muito próximos a Umbanda Popular.     
U3E

Umbanda Popular: Tem forte influência de ritualísticas do Candomblé, do Catimbó, do catolicismo, do sincretismo e suas práticas. Faz uso indiscriminado de oferendas, despachos e algumas casas, de bebidas alcoólicas. Sem cunho e estudo doutrinário próprio. Tem o uso de atabaques e/ou tambores. Largo uso de roupagens coloridas, adereços, danças e festas (internas e externas). Embora com influência do Candomblé, não realizam ritualísticas com sacrifícios de animais, a não ser em alguns casos particulares, onde alguns dirigentes, às escondidas, praticam tal ato numa ritualística solitária e pessoal, mas não como prática religiosa de Terreiro. Arregimenta a maioria esmagadora dos Terreiros ditos de Umbanda.
 “É uma das mais antigas vertentes, fruto da umbandização de antigas casas de Macumbas, porém não existe registro da data e do local inicial em que começou a ser praticada. É a vertente mais aberta a novidades, podendo ser comparada, guardada as devidas proporções, com o que alguns estudiosos da religião identificam como uma característica própria da religiosidade das grandes cidades do mundo ocidental na atualidade, onde os indivíduos escolhem, como se estivessem em um supermercado, e adotam as práticas místicas e religiosas que mais lhe convêm, podendo, inclusive, associar aquelas de duas ou mais religiões”. (http://registrosdeumbanda.wordpress.com)

Umbanda Aumpram: É a vertente fundamentada pelo médium Roger Feraudy (1923 – 22/03/2006), surgida no Rio de Janeiro/RJ, em 1986, com a publicação do livro “Umbanda, Essa Desconhecida”. Esta vertente é uma derivação da Umbanda Esotérica, das quais foi se distanciando ao adotar os trabalhos de apometria e ao desenvolver a sua doutrina da origem da Umbanda, a qual prega que a mesma surgiu a 700.000 anos em dois continentes míticos perdidos, Lemúria e Atlântida, que teriam afundado no oceano em um cataclismo planetário, os quais teriam sido os locais em que terráqueos e seres extraterrestres teriam vividos juntos e onde estes teriam ensinado àqueles sobre o Aumpram, a verdadeira Lei Divina.
(http://registrosdeumbanda.wordpress.com)

g8

 Umbanda Sagrada: É a vertente fundamentada pelo médium Rubens Saraceni, surgida em São Caetano do Sul/SP, em 1996, com a criação do Curso de Teologia de Umbanda. Sua doutrina procura ser totalmente independente das doutrinas africanistas, kardecista, católica, orientalista e esotérica, pois considera que a Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições, embora reconheça a influências das mesmas na religião. É calcada em doutrina própria, dando ênfase ao culto aos Orixás como divindades, às práticas de magias, despachos e oferendas. Tem muita proximidade com os trabalhos da Umbanda Popular.
F4B

  Entre outras pouco conhecidas e/ou divulgadas....
 Os segmentos Omolokô e/ou Umbandomblé, saíram totalmente das diretrizes básicas da Umbanda, pois, particularmente, fazem uso do sacrifício de animais em rituais, prática abominável em ritualísticas umbandistas; recolhem “filhos de santo”, fazem camarinhas, raspagem, catulagem, usam quelês, realizam festas e longos cultos a Orixás; algumas casas cobram por trabalhos realizados, etc.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Umbanda Religiao Cristica




 UMBANDACRISTA2

“Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados, e eu vos aliviarei”

“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo”. (Mateus, cap. XI VV. 28 a 30)


 “A maior de todas as ignorâncias é rejeitar uma coisa sobre a qual você nada sabe”. (H. Jackson Brownk)
“A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como Mestre Supremo Cristo”. (palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando anunciou a Umbanda).
Em seu universalismo, também, a Umbanda é uma escola divulgadora dos ensinamentos de Cristo. Temos a nossa maneira de ver, crer e difundir os ensinamentos evangélicos. Alguns segmentos religiosos ou filosóficos cristãos que se incomodam de interiorizarmos os ensinamentos de Jesus, ou mesmo os que afirmam categoricamente que não podemos, faremos das palavras de Mahatma Ghandi as nossas:
  • Certa vez um missionário encontrou-se com Mahatma Gandhi na Índia, e perguntou: “Senhor Gandhi, sempre cita as palavras do Cristo, por que  resiste tão duramente e rejeita tornar-se cristão”? Ao que respondeu Gandhi: "Ó! Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas creio que muitos de vocês cristãos são bem diferentes do vosso Cristo.
  • Amo o cristianismo, mas lamento os cristãos que não vivem segundo os ensinamentos de Cristo”.
  • “Aceito o seu Cristo e os Evangelhos, mas não aceito o teu cristianismo”.

  • “Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo os seus próprios ensinamentos”.

  • “Cristo é a maior fonte de força espiritual que o homem tenha conhecido. Ele é o exemplo mais nobre de um desejo de tudo dar sem nada pedir em troca. Cristo não pertence somente ao cristianismo, mas ao mundo inteiro”

  • “Eu gosto de Cristo. Eu não gosto de vocês cristãos. Vocês cristãos são tão diferentes de Cristo”.
 
  •  “Não sou cristão por causa dos cristãos”
  A Umbanda ama e honra a Jesus Cristo com veneração, sendo Ele o pilar central de toda a religiosidade umbandista. A Umbanda filia-se à tradição do Mestre Jesus e da melhor maneira possível procura lhe dar continuidade.  Mas, porque a Umbanda tem Jesus como Mestre Supremo, e segue incondicionalmente Seus ensinamentos? Para entendermos, vamos disponibilizar um belo trecho do livro: “O Sétimo Selo – O Silêncio dos Céus” – magistralmente colocado pelo Espírito do Irmão Virgílio, psicografado pelo médium Antonio Demarchi:
 “... Informaram-nos nossos superiores que existem comunidades de Espíritos puros e perfeitos que habitam esferas mais elevadas, onde apenas a luz existe. É algo que estamos distante de imaginar, pois não dispomos de termos comparativos para nos expressar.

Nem mesmo em pensamentos podemos imaginar sua grandiosidade e beleza, porque, nestas paragens, existe apenas energia em forma de luz que brilha incessantemente, emanada do próprio Criador, em seu amor infinito. Os Espíritos que habitam essas esferas, encontrando-se em comunhão integral com o Criador, captam, dessa forma, o pensamento do Verbo Divino, manipulam as energias cósmicas, condensam essas energias, dão formas a galáxias, nebulosas, estrelas e planetas, na condição de comparticipes na grande obra da criação. Não podemos localizar essas esferas nem esses Espíritos no tempo ou espaço, porque vibram na dimensão Divina.

Jesus Cristo é um dos Membros desta comunidade, e coube a Ele a sintonia da vontade do Pai no ato de amor para criar nosso planeta. Jesus foi o sublime arquiteto que, manipulando energias cósmicas, condensou e deu forma ao nosso planeta. Acompanhou todas as etapas evolutivas desde as convulsões telúricas, o resfriamento, o surgimento das primeiras formas de vida e, com amor incontido, acompanhou todas as etapas que, sob sua tutela, se desenvolviam, até o surgimento das primeiras manifestações humanas na Terra.

Nos milênios incontáveis, Jesus nos viu surgir como criaturas humanas, desde os antropóides, o homos erectus, o homo sapiens, acompanhando-nos passo a passo até os dias atuais. Por isso, o Mestre nos amou tanto e fez questão de vir pessoalmente nos trazer a grande mensagem da Boa-Nova, doando-se para nos resgatar das teias da ignorância...”

“... O Divino Amigo não mediu esforços nem sacrifícios. Poderia ter enviado outro mensageiro para nos trazer a grande revelação do Deus que é amor e misericórdia infinita, cujos ensinamentos se resumiam na lei do amor, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas não, a mensagem era de suma importância, de forma que veio pessoalmente para viver a grande mensagem de amor entre os homens, que não o compreenderam. Escolhemos Barrabás, naquela época, e Jesus foi para a cruz, e sua morte em holocausto foi o exemplo final de sua grande missão.

A grande tristeza do Mestre é que, transcorridos mais de dois mil anos, continuamos escolhendo a Barrabás em detrimento de Jesus, o que não mais se justifica, pois, naquela época, o seu humano podia alegar ignorância, mas, hoje, temos a obrigação de conhecer o Evangelho e seguir seus passos. Mas o ser humano ainda vive para as emoções do momento, envolve-se com as glórias passageiras, entrega-se aos devaneios e distrações perniciosas que o levam a despenhadeiros tenebrosos, porque ainda encontra-se distanciado do amoroso Mestre que tudo fez por nós, e o que é mais grave: não se dá conta do que ocorre à sua volta, no campo da espiritualidade”...

Só por esse trecho, cremos que já da pra se ter uma breve noção da importância de Jesus e de Seus ensinamentos na Umbanda.
Somente não seguimos a tradição e o entendimento cristão preconizado pelas várias escolas cristãs existentes no mundo. A Umbanda Crística tem seu próprio estudo, entendimento e versão do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, somente aceitando a teoria de outras escolas, se estiverem calcadas na razão e no bom senso. O que nos difere de outras escolas cristãs existentes no mundo, é o universalismo existente na Umbanda. Nós umbandistas ainda estamos tateando os ensinamentos sagrados existentes nos Evangelhos, mas, orientados de perto pela Cúpula Astral de Umbanda, povoada de Espíritos crísticos.
Primeiramente devemos entender e aplicar os ensinamentos constantes do Evangelho de Jesus, para depois podermos compreender com exatidão, o que também nos foi ensinado por outros Mestres do Amor que estiveram presentes na Terra, pela graça Divina.
Por isso, dizemos que a Umbanda é crística, mas seus seguidores ainda estão engatinhando nos ensinamentos do Cristo Jesus, portanto, aprendendo primeiramente a serem evangelizados, para depois, com sabedoria, transformarem-se em crísticos. Vamos entender o que é ser crístico:


O HOMEM CRÍSTICO
 O homem crístico é como o sol, suavemente poderoso, poderosamente suave.
  • É poderoso – mas não exibe poder.
  • É puro – mas não vocifera contra os impuros.
  • Adora o que é sagrado – mas sem fanatismo.
  • É amigo de servir – mas sem servilismo.
  • Ama – sem importunar a ninguém.
  • Vive alegre – com grande compostura.
  • Sofre – sem amargura.
  • Goza – sem profanidade.
  • Ama a solidão – sem detestar a sociedade.
  • É disciplinado – sem fazer disto um culto.
  • Jejua – mas não desfigura o rosto para mostrar a vacuidade do estômago.
  • Pratica abstinência de muitas coisas – sem fazer disto uma lei ou uma mania.
  • É um herói – mas ignora qualquer complexo de heroísmo.
  • É virtuoso – mas não é vítima da obsessão de virtuosidade. Trabalha intensamente, com alegria e entusiasmo – mas renuncia serenamente, cada momento, aos frutos do seu trabalho.


Assim é o homem que se tornou A “LUZ DO MUNDO”
(Huberto Rohden)


SEDE CRÍSTICOS
Pergunta: - Qual é a diferença que existe entre o conceito de “amor crístico” e “amor cristão”? Ambos não definem a mesma coisa?
Ramatís: “Crístico” é um termo sideral, sinônimo de Amor Universal, sem quaisquer peias religiosas, doutrinárias, sociais, convencionais ou racistas! É o Amor Divino e ilimitado de Deus, que transborda incessantemente através dos homens independente de quaisquer interesses e convicções pessoais! “Cristão”, no entanto, é vocábulo consagrado na superfície do orbe e que define particularmente o homem seguidor de Jesus de Nazaré, isto é, adepto exclusivo do Cristianismo!
Os cristãos são homens que seguem os preceitos e os ensinamentos de Jesus de Nazaré; mas os “crísticos” são as almas universalistas e já integradas no metabolismo do Amor Divino, que é absolutamente isento de preconceitos e convenções religiosas. Para os crísticos não existem barreiras religiosas, limites racistas ou separatividades doutrinárias, porém, flui-lhes um Amor constante e incondicional sob qualquer condição humana e diante de qualquer criatura sadia ou delinqüente!
Em sua alma vibra tão-somente o desejo ardente de “servir” sem qualquer julgamento ou gratidão alheia!
O crístico é um homem cujo dom excepcional de empatia o faz sentir em si mesmo a ventura e o ideal do próximo!
O homem cristão, no entanto, pode ser católico, protestante, espírita, rosacruciano, teosofista, umbandista ou esoterista, mas só o crístico é capaz de diluir-se na efusão ilimitada do Amor, sem preferência religiosa ou particularização doutrinária! Para ele, as igrejas, os templos, as sinagogas, as mesquitas, as lojas, os “tatwas”, os centros espíritas, os terreiros de Umbanda ou círculos iniciáticos são apenas símbolos de um esforço louvável gerados por simpatias, gostos e entendimentos pessoais na direção do mesmo objetivo –       Deus!
O prefixo ou vibração “Cris” subentende incondicionalmente, na tradicional terminologia sideral, a existência do “amor ilimitado”, que Jesus de Nazaré, o médium sublime do Cristo Planetário da Terra, o revelou nas fórmulas iniciáticas do Evangelho da humanidade terrícola! Cada orbe ou planeta possui o seu Cristo planetário, que é a fonte do Amor Ilimitado, a vitalidade, o sustento das almas encarnadas ou desencarnadas num determinado ciclo de evolução e angelitude!
Enquanto Jesus era um crístico, os homens que o seguem se dizem “cristãos”! Então, eles se distinguem dos “não religiosos”, assim como fazem restrições às demais organizações religiosas, eliminando o sentido universalista do próprio ensino do Mestre Nazareno! Daí, as tendências separativistas entre os próprios cristãos, que se distinguem como católicos, protestantes, espíritas, umbandistas, budistas, taoístas, judeus, hinduístas e islamitas.
No entanto, para os “crísticos”, Maomé, Buda, Crishna, Confúcio, Zoroastro, Fo-Ri, Hermes, Orfeu, Kardec e o próprio Jesus, são apenas fontes estimulantes do Amor incondicional latente em todos os prolongamentos vivos do “Cristo-Espírito”!
Assim, como o cristão só admite o cristianismo ou o Evangelho de Jesus, o crístico vibra sob o Amor latente em todos os códigos espirituais divulgados pelos demais instrutores de Cristo, seja o “Bhagavad-Gita” dos hindus, o “Ching Chang Ching” ou “Clássico da Pureza” dos chineses, o “Thorah” dos judeus, o “Livro dos Mortos” dos egípcios, a teologia de Orfeu dos gregos, a Yasna de Zoroastro ou o “Al-Koran” dos adeptos de Maomé.
O homem crístico não se vincula com exclusividade a qualquer religião ou doutrina espiritualista; ele vibra com todos os homens nos seus movimentos de ascese espiritual, pois é o adepto incondicional de uma só doutrina ou religião – o Amor Universal! Ele vive descondicionado em qualquer latitude geográfica, sem algemar-se aos preceitos religiosos particularistas, na mais pura efusão amorosa a todos os seres! É avesso aos rótulos religiosos do mundo, alérgico às determinações separativistas e para ele só existe uma religião latente na alma o Amor!
(Trecho extraído do livro: “A Vida Humana e o Espírito Imortal”, pelo Espírito de Ramatis, psicografado pelo médium Hercílio Maes)
Atentem para um pequeno trecho de um texto inteligentemente formulado, onde nos esclarece que a essência do cristianismo está implicitamente inclusa na cristificação:


CRISTIANISMO CRÍSTICO E CRISTIANISMO ECLESIAL – FUSÕES E CONFUSÕES
Inapropriadamente, ainda reina nos discursos teológicos, filosóficos e acadêmicos de todo o mundo, a pacífica confusão entre cristianismo e catolicismo, cristianização e catolicização. É que, historicamente, o cristianismo, enquanto imposto como sistema religioso obrigatório aos povos mais subdesenvolvidos ou dominados de todo o mundo, trouxe no seu arcabouço a doutrina católica, já que foram os católicos que inicialmente se esmeraram em expandir seu império religioso mundo afora.
Ademais, foram os próprios católicos os primeiros a sistematizar o cristianismo, ainda na origem da chamada “igreja primitiva”.
A rigor, a chamada “Igreja” (que, a esta altura, mais precisamente deve ser chamada de “Igreja Católica”) tem toda sua estrutura dogmática bem distanciada do cristianismo puro e do judaísmo. Outra: que nos referimos aqui a “católicos”, não nos referimos aos seus religiosos seguidores, mas aos políticos eclesiais, ao alto comando da Igreja, que cuidou de expandir a fé católica acima da fé crística mundo afora. Sempre existiram a Igreja Católica e a religião Católica, que não são exatamente as mesmas coisas. Os religiosos Católicos, que não tinham a consciência política invasiva por trás dos bastidores, exerciam sua fé simplesmente, cuidando-se de sua alma, e é isso o que mais importa para Deus, não a linha religiosa em si que cada um segue.

Hodiernamente, algumas seitas evangélicas é que tomaram para si o título de “cristão” ou “evangélico” para seus adeptos. Tais formações neo-cristãs não são necessariamente dissidências de religiões tradicionais específicas, mas, sim, de todo o universo religioso judaico-cristão clássico, embora mantendo a Bíblia como livro sagrado.
Como sistema religioso, o cristianismo foi fundado por Paulo de Tarso, ainda que só oficializado por Roma no fim do século IV, bem depois da morte do próprio Paulo, e mesmo assim infectado por vários postulados judaicos e pagãos. Difere do cristianismo como estilo de vida baseado na moral evangélica pregada pelo próprio Cristo e que tem como sustentáculo o amor em suas várias manifestações conducentes aos propósitos divinais para cada um de nós aqui na Terra.
O termo “evangélico” também tem de ser entendido no contexto, porquanto a própria raiz “evangel” possui três acepções, a saber: evangélico, como tendo a ver com a boa nova pregada pelo Cristo; o evangelismo como pregação dos apóstolos, discípulos e seguidores contemporâneos de Jesus; e evangélico, como integrante de uma das novas religiões e seitas neopentecostais, também chamadas “gospel” (Evangelho, em inglês).
O certo é que, com lastro na própria Bíblia, há a conhecida grande lição de Tiago: “A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27).
Os órfãos e as viúvas aí referidos somos todos nós, em alguma aflição ou em outra, em algum grau de dor ou em outro. Por isso Jesus nos deu o título de irmãos. Devemos nos tratar como tais, nos amando e nos cuidando reciprocamente, nos níveis que cada um precisa circunstancialmente. O nazareno disse que seus seguidores seriam reconhecidos por muito se amarem. Consequentemente toda a humanidade deve integrar essa irmandade. Quem não precisa de ajuda? Quem não tem a sua cruz para carregar? A ladeira é íngreme. Sozinho o tempo todo é difícil subir.
Ou os subintes se ajudam um ajudando ou outro a segurar momentaneamente a sua cruz, ou um estimulando no outro a energia da fé e da coragem, para o fortalecimento espiritual. Vale também. Quanto mais cada um puder se robustecer também na fé pauliana, tanto melhor, não exatamente para subir sem precisar de ajuda, mas para melhor subir e também para melhor ajudar quem ainda não tem essa vitamina no sangue espiritual. Tiago e Paulo de Tarso: um complementa o discurso do outro.
Mesmo sendo uma necessidade imperiosa na transição planetária, fazer a caridade não é necessariamente sustentar sozinho a cruz do outro, não. É dar uma força para que o outro sustente sua própria cruz. Lembra-se do que Jesus disse? “Pega a tua cruz e segue-me”. Mas, como seguir Jesus é praticar as virtudes crísticas, incluídas aí o perdão (a si e aos outros), a paciência, a tolerância e o amor caritativo, logo, o peso da cruz pode até continuar o mesmo, mas nós nos fortalecemos mais em alma e, consequentemente, em corpo. Assim, o peso da cruz fica menos penoso e mais suportável. Ajudar os outros, sem olhar a quem, ou seja, sem discriminar, é seguir o Cristo, conscientemente, ou não. É se estar, em conclusão, se fortalecendo em alma e em corpo. A cruz fica relativamente mais leve. Quando se ajuda o outro, dando-lhe, por exemplo, umas frutas, umas palavras de ânimo, um perdão ou fazendo-lhe um cafuné, para que o outro se fortaleça a fim de melhor suportar a sua cruz, também o doador se fortalece para carregar melhor a sua. Isso é um clássico de qualquer época da humanidade, não é mesmo?
Se sua religião, seita, filosofia, ciência, doutrina, sociedade iniciática, clube de serviços, ONG, OSCIP, liga, associação, fundação, instituto, ou qualquer organização disseminadora de pensamentos ou de fé a que você pertence, exemplifica e incentiva a todos os seus membros e não membros a vivenciar o código de ética do nazareno, ótimo! Você está bem assessorado. Mantenha o ritmo. Se ela demonstra e prega isso direta ou indiretamente, para dentro e para fora do templo ou da sede, e dentro e fora de seus ritos e dogmas ou estatutos e princípios, então sua organização é um bom meio facilitador. Se não, pratique por sua própria conta a suprarreligião crística. Adiante o seu lado, ou seja, o seu próximo, e permita-se ser adiantado pelo seu próximo, mesmo que ele esteja distante de seus pensares, falares e agires, mesmo que ele seja de uma igreja rival ou de nenhuma igreja. O verdadeiro cristianismo é antes de tudo um sentimento profundo de querer o bem para o outro ou de querer o bem para si mesmo com o bem que o outro lhe quer. Querer o bem já é um começo de fazer o bem a outrem e a si mesmo. O cristianismo visto e buscado a partir dessa finalidade maior, funciona como se fosse uma irmandade geral, onde todos os seres humanos são membros.
O importante não é a estrutura formal que seguimos. O importante é seguirmos o Cristo, ou seja, cumprir suas recomendações diretas, através, ou não, de uma formação sócio-eclesial. Isso inclui afastar-se da corrupção do mundo, mas não dos mundanos e dos corrompidos. Ao contrário, é ir até onde eles estão para levar-lhes a palavra e o pão da vida e mostrar-lhes opções de crescimento para Deus, da mesma forma com que esperamos que nos sejam mostrados esses mesmos alentos. Mas sem pressão, sem assédio religioso.
Muitos precisam de ajuda e nem sabem disso, porque vivem a gargalhar perante as estimulações extasiantes e drogatizantes do mundo hedônico, enquanto fecham o coração para a dor alheia, por nem percebê-la. Tornam-se egoístas inconscientes, consequentemente presas fáceis de manipuladores ideológicos destrutivos do aquém e do além.
A caridade aqui necessária não é levar a tristeza onde houver alegria, mas é levar a lembrança de que, ao lado e abaixo do nosso infindável mundo de faz de conta anestesiante e gargalhadizante existem várias sarjetas de sofredores clamando socorro de toda ordem. Entre elas há a própria sarjeta da inconsciência ou alienação quanto às necessidades de ajuda de si mesmo. Quem vive nesta sarjeta precisa também socorrer, não a si próprio como pessoa, mas certamente a si próprio como alma. A anestesia do egoísmo impede de se ver a necessidade da própria alma de respirar.
Seguir a Jesus nos tempos hodiernos é simplesmente despertar, desenvolver e socializar nossa espiritualidade, nossas virtudes e nossos sentimentos mais nobres, não importando onde e como foram adquiridos.
E tudo de bom e de nobre que se desenvolve de dentro de si para fora, se estende a partir do próprio coração, fazendo um bem danado a este e a todo o soma. Se não atingirmos o outro com nossos gestos afetivos, com certeza atingiremos a nós mesmos, que também somos necessitados.
“Ame, e faça o que você quiser” (Em Latim: “ama et fac quod vis”). (Santo Agostinho (354-543))
Dessa máxima augustina, podemos entender e estender que cada um de nós pode fazer, pensar e ser o que quiser; pode estar onde, quando e como quiser; e pode acreditar no que quiser ou não acreditar no que não quiser, seguindo, ou não, a corrente de crença que achar verdadeira, ou seguir corrente nenhuma.
O importante é que, em todos os momentos, lugares e ações de sua vida, cada um empunhe o estandarte do amor.
Mais essencial do que qualquer bandeira, brasão, insígnia ou cruz que se ostente, é uma ética que envolva a melhoria de si mesmo e do próximo, em todos os sentidos, inclusive no terreno da saúde mental e física. E essa ética pode ser apenas a sua mesma, montada pela sua própria visão de mundo, silenciosa, honesta, sincera e fundada no solidarismo (“doutrina social e moral que se fundamenta na solidariedade entre os membros de uma sociedade.” (Dic Houaiss)).
O homem de bem não é o necessariamente o virtuoso, o que segue uma formação social qualquer, mesmo que esta seja socialmente respeitável. É o que segue uma ética que se assemelha essencialmente com a ética crística, no anonimato.
“Ninguém pode servir a Deus, se não estiver servindo ao seu irmão”. (Mateus, 16:21)
Muitos grupos religiosos e afins até servem como meio de auto-ajuda espiritual. Porém, dentro do sistema cartesiano, buscam crescer muito mais na reta da fé abscissa (do ser para Deus), do que na reta da caridade ordenada (do ser para seu próximo). Nos pontos cartesianos formados (eixos dos xis), geralmente o elemento da ordenada é sempre zero ou quase zero. Não atentam que o crescimento vertical é diretamente proporcional ao crescimento horizontal. Para que haja uma diagonalidade cartesiana evolutiva, os elementos de cada ponto hão de ser sempre diferentes de zero. Esse crescimento no plano, sim, será pleno. Como diz Tiago, 2:17:a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma”...
(Texto de: Josenilton kaj Madragoa)


O QUE E UNIVERSALISMO CRÍSTICO
... Ao tratar do termo crístico, Hermes – em latim: Hermes Trismegistus; “Hermes, o três vezes grande”, nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Thoth (ou Tehuti), identificado com o deus grego Hermes – esclarece no livro “A Nova Era“, de Roger BottiniParanhos, que o termo “cristão” refere-se ao maior projeto de esclarecimento espiritual de nossa humanidade: a mensagem de Jesus de Nazaré, sob a orientação do Cristo Planetário, entidade arcangélica que rege a evolução dos habitantes da Terra.
O termo “crístico” é mais abrangente, pois refere-se ao trabalho realizado pelo Cristo Planetário com todos os seus fiéis medianeiros na Terra, como, por exemplo, Antúlio, Buda, Krishna, Zoroastro, Akhenaton, Moisés, Maomé e o incomparável Jesus. Depois desse esclarecimento, ficará fácil perceber que o termo “cristão” diz respeito somente aos seguidores da doutrina de Jesus de Nazaré, sob a orientação do Cristo, já o termo "crístico" significa o trabalho do coordenador da evolução planetária da Terra em meio a todas as culturas do globo, tanto entre os povos ocidentais como os orientais, demonstrando que a mensagem de amor, paz e evolução foi alardeada pelos quatro cantos do orbe durante toda a história de nossa humanidade... 
(Texto extraído do site: http://ucrj.com.br/universalismo-cristico/o-que-e-universalismo-cristico/)
Observem que muitos Guias Espirituais militantes na Umbanda (Caboclos e Pretos-Velhos), num verdadeiro espírito crístico, atuam em outras denominações espiritualistas e/ou religiosas sem imporem a doutrina umbandista, mas tão somente pregando o amor, incitando a cristificação de todos e atendendo fraternalmente quem os procura. Os Espíritos da Umbanda, universalistas, trabalham proficuamente nos Terreiros, mas, também, atuam em outros lugares, num verdadeiro espírito crístico.
O que quer dizer Cristo? Era o sobrenome de Jesus? Cristo é o termo usado em português para traduzir a palavra grega Χριστός (Khristós) que significa “Consagrado – Purificado”. O termo grego, por sua vez, é uma tradução do termo hebraico מָשִׁיחַ (Māšîaḥ), translierado para o português como Messias. Tudo isso significa o purificado o consagrado; o iluminado; o Redentor ou “aquele que torna o homem livre através da verdade”, mas, livre de quê? Livre do misticismo; livre do fetichismo; livre do preconceito; livre dos cultos exteriores extravagantes e escravizantes; livre da escravidão mental; livre do temor aos “deuses”; livre para pensar por si próprio, para resolver os seus problemas existenciais.
Portanto, se Cristo quer dizer “Consagrado – Purificado”, temos agora a certeza que vários Espíritos iluminados que estiveram presentes encarnados no planeta, todos, trouxeram uma parcela da verdade, culminando no grande Luminar, Jesus de Nazaré. Vejam então, que ser crístico é seguir os ensinamentos desses Avatares que só nos ensinaram a libertação através do perdão e do amor.
A partir daqui, defenderemos a importância do aprendizado do Evangelho Redentor. Por isso insistimos que os umbandistas primeiramente devem se tornar tenazes aprendizes dos ensinamentos de Jesus, para depois, poderem entender os ensinamentos universalistas, principalmente os que nos são passados pela Mãe Natureza.
Somente absorvendo o Evangelho como regra de vida, poderemos então, com mansidão, amor, paz, perdão e caridade, entendermos tudo o que está em nós e a nossa volta. Mas, queremos deixar claro: A Umbanda é crística, como já explanado acima, e não mais uma religião cristã existente no mundo; a Umbanda é toda permeada nos ensinamentos de Jesus Cristo, aplicando-o em toda a sua doutrina religiosa universalista.
A nossa casa, o Templo da Estrela Azul, particularmente, é uma escola de ensinamentos preconizados por Nosso Senhor Jesus Cristo; por isso dizemos ser uma escola cristã, pois lemos, estudamos, seguimos e procuramos vivenciar fielmente o que é orientado pelos quatro Evangelhos, integrando-o na pluralidade das vivências umbandistas; em nossa casa, ser cristificado, é também seguir os exemplos e os ensinamentos deixados por vários Emissários da Luz, que estiveram presentes em nosso meio, encimado pelo Mestre Jesus. A Umbanda não defende Jesus, que, aliás, não necessita de defesa, mas sim, defende a mensagem crística em todos os tempos.
Ramatis, em seu livro: “Magia de Redenção”, nos diz:
“Ademais, o homem cristão, aquele que segue os ensinamentos deixados por Jesus de Nazaré na face do Ocidente terráqueo, é avesso às prescrições morais de Buda, Confúcio, Krishna, Hermes e outros líderes siderais. Isso então produz uma linha separativista no corpo do Cristo, o qual é incondicionalmente Amor e Efusão Espiritual sem limites de crença ou de preferências religiosas. Enquanto o cristão segue uma ética que o isola dos demais homens afeitos a outras éticas espiritualistas, a criatura cristificada é universalista e jamais discute, critica ou opõe restrições a quaisquer empreendimentos, esforços, preferências doutrinárias religiosas e espiritualistas do irmão!”
A palavra cristão é usada três vezes no Novo Testamento (Atos 11:26; Atos 26:28; 1 Pedro 4:16). Os seguidores de Jesus Cristo foram chamados “cristãos” pela primeira vez em Antioquia (Atos 11:26) porque seu comportamento, atividade e fala eram como a de Cristo.
Muitos são aqueles que querem seguir os ensinamentos de Jesus de qualquer maneira. Muitos são os que buscam a Deus e a Jesus do jeito que querem e da maneira que lhes convém, mas saibam que segundo os ensinamentos evangélicos, as coisas não podem acontecer dessa forma. Para compreendermos a nossa vivencia humana e espiritual, primeiramente há de ser como Jesus nos orienta; isto é; obedecendo e seguindo a todos os Seus ensinamentos que estão nos Evangelhos. Por isso Jesus nos adverte: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, senão através de mim” (João 14, 6). Essa é a única maneira de podermos entender e vivenciar tudo o que está em nossa volta.
Só não podemos ficar sujeitos aos achismos, às interpretações e dogmas impostos por qualquer filosofia ou pessoa, mas sim, devemos pensar por nós mesmos, não aceitando nada sem uma análise feita utilizando a razão, a lógica e o bom senso, e que podemos questionar tudo, mas tudo mesmo, porque infalível, só Deus.

Vamos discorrer sucintamente sobre a cristandade da Umbanda, mas antes, vamos entender que a Umbanda cresceu desordenadamente, sem estrutura, e por esse fato, acabou por cada dirigente e seus seguidores a aceitaram os postulados particulares ensinados a pecha de “tradição” (costume transmitido de geração a geração), surgindo daí, a grande diversidade denominada de: “ramificações e/ou sub-grupos da Umbanda” – cada grupamento seguindo o que lhes foi ensinado como prática de Umbanda. Uma coisa é certa: Com o tempo, somente sobreviverá a ramificação que estiver alicerçada na razão e no bem senso em união com as emanações da Espiritualidade Superior. O tempo é o melhor Juiz.
Se nos reportarmos aos primórdios do cristianismo primitivo, existiam inúmeras igrejas, cada uma com seu dirigente, e cada uma realizando seus cultos, doutrinas, liturgias diferentes, mas todas tendo um só princípio: amor e caridade. Somente no Concílio de Nicéia em 325 foram fixadas linhas diretrizes, criando uma só igreja estruturada e um só dirigente, que na época era chamado de bispo.
Reparam que o mesmo acontece com a Umbanda hoje: inúmeros Terreiros, cada um realizando um culto diferente, com roupagens, doutrinas, liturgias e rituais diferenciados, uns dos outros.
Essa opinião reflete exatamente o nosso pensamento: “Existe apenas uma Umbanda. Esta é uma religião de inclusão que se constrói e se renova a cada dia e não há desrespeito a seus fundamentos desde que não se afaste da prática do amor e da caridade e do lema de que se dá de graça aquilo que de graça se recebeu” (Tenda Espírita São Jorge/RJ).
Os dirigentes só deveriam se posicionar, e esclarecer o “tipo de ramificação” seguida pelo seu Templo.
Reiterando: o Caboclo das Sete Encruzilhadas nos deixou a mensagem: “A Umbanda é a manifestação do Espírito para a prática da caridade”, e do Caboclo Mirim: “Umbanda tem fundamento e é coisa séria para quem é sério ou quer se tornar sério”.

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